segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um Gafanha de duas caras…..

Oitava jornada da Serie A da 2ª Divisão Nacional de Futsal, punha em confronto o Gd Gafanha e o ex-primodivisionario Boavista. Duas equipas sem historial de confrontos entre si o que tornava o embate uma incógnita para ambos os conjuntos nomeadamente para os seus técnicos.
Os comandados do Mister Jorge Vilarinho, procuravam neste jogo o regresso às vitórias, podendo já contar nos eleitos com as duas caras novas do plantel, (Peter e Serginho “Pirulito”), ajudando desta forma a colmatar a ausência do sempre influente capitão “Joca”.
Para este jogo o técnico da equipa da cidade da Gafanha apostou num cinco inicial inédito, (Rafa, “Bi”, Peter, Hugo Alves e João), assente numa estratégia de bloco baixo onde defender bem e ser forte nas transições era objectivo para fazer face a maior experiencia dos jogadores boavisteiros e ao maior tempo de posse de bola da equipa da casa.
E nem se pode dizer que tenha entrado mal na partida o GDGafanha, muito solidário defensivamente, altamente concentrado e cumpridor tacticamente do plano e estratégia alvitrados para a contenda os “Azuis” da Gafanha iam levando a água ao seu moinho anulando bem o jogo interior da equipa axadrezada, sempre muito forte a jogar com o pivot, sempre perigosos nos remates de 2º linha.
Os minutos iam passando sem que os da casa conseguissem lograr os seus intentos, cada vez mais ansiosos fruto de o golo não aparecer iam arriscando e pressionando cada vez mais o último reduto gafanhense. Com o passar do tempo a equipa da Gafanha foi-se soltando, com Rafael a ser um baluarte de coragem e inviolabilidade da sua baliza os seus colegas começaram afoitar-se no ataque e abeirar-se cada vez mais da área contrária, criando perigo nas redes boavisteiras.
Inexpugnável a defensiva do Gafanha, com Hugo “Bi” empenhadíssimo em mostrar os seus créditos e valor e com o reforço Peter a dar excelente conta de si, a equipa cumpria com rigor no capítulo defensivo, sem grande profundidade nas saídas para ataque, surtiam efeitos as recuperações de bola, faltando aqui e ali alguma qualidade no último passe para que fosse profícuo o intento de visar a baliza anfitriã.
Quando a passagem do minuto nove do primeiro tempo o Gafanha inaugura o marcador, não se podia falar sequer em surpresa pois haviam já sido algumas as oportunidades desperdiçadas, Peter fez tudo sozinho, numa transição ofensiva rápida e individual disparou forte sobre a esquerda do seu ataque batendo o keeper do Bessa sem apelo nem agravo.
Ia a meio a etapa inicial, galvanizados pelo golo manteve-se o cariz do jogo, o Boavista abusava das batidas de 2ª linha, procurando sempre os envolvimentos colectivos que lhe permitissem libertar o seu melhor rematador na ala esquerda do seu ataque, sucediam-se amiúde, arriscando cada vez mais ofensivamente, descuravam cada vez mais a sua defensiva, sem que os da Gafanha conseguissem aproveitar.
Com pouco tempo para jogar o Boavista chega a igualdade, bola perdida em saída para o ataque, rápidos os axadrezados e sem pensar muito forte disparo de meia distancia, indefensável e estava feita igualdade, sem tempo para respirar intensificava-se a pressão dos da casa, contudo seria um erro infantil a escassos segundos de dealbar do 1º tempo que o Boavista chegaria a vantagem. Canto favorável aos visitantes, Serginho procura ser lesto a servir o colega no interior da área, mas o guardião axadrezado mata no peito o intento e lança rápido na frente apanhando toda a defensiva gafanhense em contra pé deixando entregue a sua sorte Rafael que nada pode fazer face ao desenrolar do contra ataque, duro revés, golpe muito duro e castigo exagerado face ao que se tinha visto sobre a quadra ate então.
No regresso para o 2º tempo, não podiam os pupilos de Vilarinho ter melhor começo, praticamente na jogada de saída o Gafanha restabelece a igualdade através de “Bi” depois de bem servido por “Pirulito”, fazia-se justiça, mas foi Sol de pouca dura pois num ápice os da casa abriam a vantagem para 2 golos de diferença, abanou a estrutura mas não caiu, Serginho tirou da cartola um coelho e trouxe emoção ao jogo ao fazer em jogada individual o terceiro para a sua equipa, estava na luta pelo resultado, contudo a partir daqui nada mais foi igual.
Logo na jogada seguinte os boavisteiros repõem a vantagem de 2 tentos, a defesa “azul” abria clareiras, a solidez patenteada durante a fase inicial dava agora lugar a inexplicáveis falhas de marcação e concentração, o bloco defensivo dos gafanhenses surgia agora mais subido nas linhas o que proporcionava aos da casa constantes jogadas de finalização, eram avalanches sucessivas de jogadas de golo, Rafael via-se agora constantemente visado não tendo tempo para respirar, sucediam-se os envolvimentos dos jogadores da casa agora a explanar o seu melhor futsal.
Foi pois sem surpresa que o avolumar do resultado se foi registando no placard, atónitos e sem reacção o Gafanha cometia erros colectivos em demasia, a inépcia e inoperância defensiva era agora a imagem que transparecia para todos os presentes no Pavilhão do Viso, o técnico do Gafanha, tentou de tudo para fazer voltar a sua equipa ao jogo mas era tarde, a equipa ruía tal e qual um castelo de areia, inexplicavelmente voltava aparecer a outra face do Gafanha, aquela que tem acompanhado a equipa nas 2ªs partes dos jogos, desuniu-se e o resultado final somado a alguma infelicidade nas decisões da arbitragem atiraram com o resultado final para números exagerados, pouco consentâneos com a qualidade e desempenho dos jogadores do Gafanha durante largos períodos de jogo.
O resultado acaba por reforçar a velha máxima do desporto que não não mata morre, quem não marca acaba a sofrer, parece incauto perfilhar destas premissas num jogo onde o Gafanha acabou goleado, no entanto a verdade do jogo não se espelha no resultado final. Durante dois terços das partida a equipa visitante não foi inferior ao seu opositor, Jorge Vilarinho viu reforçadas algumas ideias que tem sobre as estratégias de jogo adoptar perante certos e determinados opositores, apostou em alguns jogadores que vinham sendo menos utilizados e não se deu mal, podendo mesmo dizer-se que foi “traído” por aqueles que são hoje dos mais experientes no plantel, é comum dizer-se que as vezes a derrota é a mãe de vindouras vitorias, a verdade dos factos é que o resultado expressivo causa mossa no grupo de trabalho, os problemas estão identificados, o caminho faz-se caminhando já outros o diziam, outra batalhas se seguirão e unidos as adversidades serão mais facilmente ultrapassáveis.
Por último apesar da derrota uma nota de destaque para Peter, o novo reforço esteve muito bem mostrando total integração no grupo, deu grande objectividade ao ataque e grande empenho nas tarefas defensivas, é por certo um grande reforço. Serginho ou “Pirulito” para a família gafanhense ainda longe da melhor forma fisica, deu já um ar da sua graça, “Bi” foi enorme apenas vencido pelo cansaço físico, enquanto teve pulmão foi dos melhores, Rafael esteve notável durante todo o 1º tempo, tendo sucumbido junto com a equipa com o avolumar do resultado, Hugo Alves e João deram sempre o corpo ao manifesto, altruístas no seu labor em prol da equipa caminham a passos largos para em breve serem decisivos no desenrolar da época, basta que acreditem tanto ou mais nas suas capacidades como aqueles que os têm como opções válidas.
Pela negativa e sem apontar a nomes urge revitalizar algumas peças e unidades fulcrais do futsal do Gafanha, pois acreditem ou não todos somos poucos para alcançar os objectivos a que nos propusemos no inicio da época.
No capitulo da arbitragem ainda que não possam ser assacadas grandes culpas a dupla do apito, não deixa de ser verdade que durante a 1ª parte o critério apesar de largo foi igual para ambos os emblemas, contudo na 2º parte a malha apertou-se para a equipa do Gafanha, foi um exagero de amarelos e de faltas assinalada deixando o Boavista impor a sua agressividade e poderio físico na disputa dos lances, alguns em prejuízo dos visitantes. Outras das notas que não posso deixar de referenciar é amabilidade da equipa anfitriã, contudo um reparo pessoal no que toca as instalações desportivas onde se desenrolou o jogo desta jornada, o pavilhão do Viso não encerra em si condições dignas no que respeita sobretudo aos balneários para receber atletas mormente num jogo de 2ª divisão nacional.

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